1. O relatório da International Narcotics Control Bord (INCB) para 2010 é preocupante. Ele fala em boom de drogas sintéticas.
O órgão das Nações Unidas, nascido na Convenção de 1961, aponta para o aumento extraordinário de oferta e demanda de drogas sintéticas.
Na Europa foram identificados 16 novos tipos de drogas sintéticas com componentes proibidos.
A surpresa ficou por conta do Japão em termos de variedade. Foram encontradas 51 novas fórmulas sintetizadas de drogas proibidas. Lógico, com riscos à saúde dos consumidores.
Como se sabe, a produção das drogas sintéticas é muito mais veloz do que a da cocaína. A folha de coca só é encontrada nos Andes. Da matéria prima (folha) à elaboração do cloridrato de cocaína o caminho é longo. E a colocação em mercados distantes tem custo elevado, com risco de extravios e apreensões policiais. A droga sintética pode ser produzida até em laboratório de fundo de quintal e ofertada no próprio país de origem.
No Brasil, as “balas” (nomenclatura das drogas sintéticas dada nas discotecas e festas) ingressam pelo Paraguai, que as recebe principalmente da Holanda. Elas entram pelo Mato Grosso do Sul e Paraná.
O grande problema das sintéticas é a impureza e o desequilíbrio na composição. Qualquer curioso pode fazer um “coquetel” usando, por exemplo, como potencializador uma substância isolada do veneno de matar rato vendido em supermercado.
O Brasil possui a maior indústria químico-farmacêutica da América Latina, localizada no eixo Rio—São Paulo. E é quase inexistente a fiscalização sobre a comercialização e a circulação dos insumos químicos. Assim, o Brasil tem potencial para se transformar em país de elaboração e oferta de drogas sintéticas.
2. O relatório da INCB menciona o problema gerado pela oferta e o aumento preocupante da demanda do crack no Brasil.
Até as pedras das ruas da Cracolândia paulistana sabem que a pasta base de cocaína usada na confecção do crack provém da Bolívia. Para a elaboração da pasta-base são necessários insumos químicos e a Bolívia não possui indústria química. Os insumos são ofertados pelo Brasil. Em síntese, existe uma via de mão dupla: o Brasil envia insumos e a Bolívia devolve a pasta-base usada na formação da pedra de crack.
3. Um dos alertas contidos no relatório da INCB diz respeito à corrupção policial, que aumenta. Para nós brasileiros isso ficou bem claro na recente Operação Guilhotina. A Guilhotina, com 36 policiais presos, revela a atuação da banda-podre da polícia do Rio de Janeiro. Com policiais pilhando favelas e durante as operações repressivas que precedem à instalação de unidade pacificadora (UPP), cocaína, maconha, armas e munições. E o obtido na pilhagem, como mostrado na Operação Guilhotina, é posteriormente vendido para milícias ou às organizações criminosas.
Situação de banda-podre policial pior do que a fluminense é a encontrada no México e as forças de ordem estão na “gaveta” dos cartéis. A corrupção policial e a violência constam do relatório da INCB que, no particular, aponta para a situação do México, com o presidente Felipe Calderón a promover a sua trágica War on Drugs: 28 mil mortos de 2006 a 2010, conforme relatório da INCB
4. O consumo de cocaína, desde 2009, estabilizou-se nos EUA, o maior consumidor mundial. Na Europa, cresce. Um fungo nos campos de plantio de papoula no Afeganistão foi o responsável pela queda na oferta de ópio e heroína. É da cápsula da papoula que se extrai o ópio (suco em grego).
Wálter Fanganiello Maierovitch
(http://maierovitch.blog.terra.com.br/2011/03/03/alarme-sobre-drogas-sinteticas-51-novos-tipos-no-mercado-o-risco-brasil-em-face-do-relatorio-da-international-narcotics-control-board/)
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